quarta-feira, 17 de março de 2010

A tragetória vitória de um sonhador

Tri-campeão das 500 milhas de Indianápolis, o ribeirãopretano de coração, Hélio Castroneves, vive uma fase plena e mostra que com determinação é possível conquistar todos os seus objetivos



Transformar um sonho em realidade. Para muitos, essa é apenas uma ilusão. Para outros, uma meta de vida. A história do piloto da Fórmula Indy, Hélio Castroneves, se encaixa perfeitamente na segunda classificação. Desde muito jovem, decidiu que queria trabalhar com o automobilismo e se dedicou totalmente a esse fim. Sua trajetória é um exemplo.

Mostra que os objetivos podem ser alcançados, uma certeza que inspira e estimula os que ainda mantêm essa ideia no campo abstrato. “Temos que sonhar alto, perseguir o sonho e batalhar por ele. Por mais que outras pessoas digam que você nunca vai conseguir, que não é bom o bastante, você é a única pessoa que não pode deixar de acreditar”, aconselha o esportista com mais de duas décadas de uma vitoriosa carreira.

Nascido em São Paulo, Hélio mudou-se para Ribeirão Preto com a família aos dois anos. Foi na cidade que ele passou a infância, a adolescência e a juventude, onde frequentou a escola e fez diversos amigos. “Minha relação com Ribeirão Preto é muito intensa. Tenho diversas lembranças, de diferentes etapas da minha vida, em cada lugar da cidade. Além disso, tenho pessoas queridas que ainda moram aqui, como os meus pais. Sempre que posso, faço uma visita e recarrego as minhas baterias. É muito bom ver a evolução da cidade a cada ano e em variados setores”, confessa o piloto. Por isso, o título de cidadão ribeirãopretano, concedido no último dia 8, foi encarado como uma grande honra. “Sou um ribeirãopretano de coração”, revela.

A cidade também foi o ponto de partida para a paixão de Hélio pelo automobilismo. O pai, Hélio, era um comerciante bem-sucedido e patrocinava corridas de Stocar. O filho, desde os cinco anos, acompanha as visitas à pista. “Como eu era muito pequeno, não podia entrar no circuito. Para driblar a segurança, entrava por alguns minutos no porta-malas do carro e, quando via, já estava nos boxes. Aquele universo de corridas me fascinava. Fui me encantando com cada detalhe, o cheiro do óleo, o barulho do motor e a velocidade. Conforme fui crescendo, a vontade de fazer parte disso tudo só aumentou”, lembra. O pai decidiu incentivar e investir no interesse do filho e deu a ele seu primeiro carro, um kart. No início, as voltas não passavam de uma deliciosa brincadeira. Aos poucos, o esporte acabou se tornando coisa séria.

Em 1987, aos 15 anos, Hélio começou a competir. Três anos depois, teve a certeza de que esse era o caminho que queria seguir em sua vida profissional e começou a trabalhar para tornar seu sonho uma realidade. Os jogos de tênis serviam para manter o físico em dia e aperfeiçoar a concentração. As aulas de inglês ajudavam na comunicação. Os treinos se tornaram constantes. Todas as ações com um único objetivo: melhorar seu desempenho nas pistas. Quando terminou o colegial, fez vestibular, passou e se inscreveu no curso de Educação Física da Unaerp. A faculdade durou apenas um dia e as atenções de Hélio, novamente, voltaram-se com exclusividade para os carros. Segundo o piloto, foram diversas concessões durante esse período. Os passeios e as festas, comuns entre os jovens, não achavam espaço na agenda apertada. “Abdiquei de muitas coisas. Ia sempre a São Paulo para treinar, cuidava da minha alimentação, dormia cedo e estudava. Porém, não encarava nada disso como um sacrifício e sim como um prazer. Coloquei a minha carreira como foco e persegui esse objetivo com afinco. Cada etapa fazia com que eu aprendesse mais sobre a minha profissão e sobre mim. O automobilismo é a minha vida. Ele foi me moldando para que eu chegasse aonde cheguei”, explica. O esportista ainda destaca a importância do apoio familiar durante todo esse processo. “O suporte incondicional da minha mãe, do meu pai, da minha irmã e de todos da minha família foi fundamental. Saber que acreditavam em mim e me apoiavam era um estímulo a mais”, afirma.

As corridas de kart foram até 1991. Durante 1992, Hélio concorreu na Fórmula Chevrolet. Entre 1993 e 1994, disputou a Fórmula 3 Sul Americana e Brasileira. Em 1996 e 1997, a Indy Lights e de 98 até hoje, o piloto corre pela Fórmula Indy, desde 2000 pela equipe Penske. É um dos líderes no ranking de vitórias e pole positions, sagrou-se vice-campeão em algumas temporadas e tem em seu currículo as vitórias de 2001, 2002 e 2009 nas 500 Milhas de Indianápolis, a mais famosa prova dos Estados Unidos.

Com a experiência adquirida durante todos esses anos, o piloto comenta que aprendeu a escutar o que a sua máquina pede e que essa interação é um dos aspectos mais interessantes do automobilismo. “O carro diz para você o que ele precisa. Não adianta ser um piloto extremamente agressivo se a máquina não acompanha o seu potencial. É preciso trabalhar em conjunto. Hoje, uma boa performance depende 30% de quem comanda e 70% do carro. Essa integração harmônica entre o corpo humano e a máquina é excepcional. Mais do que a velocidade e a adrenalina, essa união, fundamental para que se tenha resultados positivos, me instiga profundamente”, diz. Para Hélio, uma carreira de sucesso depende de uma combinação de fatores. Talento, dedicação e uma ótima equipe de profissionais são alguns dos itens indispensáveis. “Além disso, não se pode pensar somente na glória, na vitória, na conquista e no glamour. Tem que trabalhar, o resto é consequência, vem naturalmente”, sugere.

Seu “jeitinho brasileiro”, um jeito simpático, extrovertido e sempre solícito fizeram com que o campeão conquistasse muitos fãs, em diversos países. Nos Estados Unidos, onde consolidou sua carreira, Hélio é considerado uma celebridade, principalmente depois da participação no popular programa de TV “Dancing with the Stars”, em 2007, de onde saiu vencedor. O piloto afirma que essa foi uma experiência muito divertida e serviu para aproximá-lo de seu público, que demonstrou muito carinho e um imenso respeito por seu trabalho.

O bom desempenho do esportista conta com um reforço todo especial. A mulher, Adriana Henao, e a filha, Mikaella, que nasceu em dezembro de 2009, são razões para seguir em frente. “Aproveito cada minuto com elas. Estou passando por um momento mágico, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Quero muito vencer e levar a minha filha ao pódio comigo”, revela. Quanto aos planos para o futuro, ele comenta que quer continuar correndo pela Indy de forma cada vez mais competitiva. “Sou abençoado porque faço o que gosto. Quero continuar assim por muito tempo. Sinto que 2010 será um ano vitorioso. Vou trabalhar ainda mais, quero conquistar mais uma vez a prova de Indianápolis e concorrer ao título. Já bati nessa porta algumas vezes e vou continuar tentando. Um dia ela abre”, diverte-se. A corrida em São Paulo, no próximo dia 14, está deixando o piloto ansioso e cheio de expectativa. Segundo ele, o apoio da torcida brasileira e a presença dos amigos e familiares fazem com que essa prova tenha um gostinho diferente. “Estou muito empolgado e conto com a animação de todos para lutar por mais essa conquista”, finaliza.

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