Os motivos para a categoria voltar ou não à cidade nos próximos anos
Oito dias após a realização da São Paulo Indy 300, a primeira prova da categoria realizada em São Paulo, já e tempo de avaliar se valeu a pena o transtorno com as obras de última hora, as ruas fechadas para o trânsito, os gastos. Também houve coisas boas, como a presença de Vitor Meira no pódio, uma redenção para o piloto que mostrou estar recuperado do grave acidente sofrido nas 500 Milhas de Indianapolis.
O cinco motivos para que o torcedor e o morador de São Paulo possam chegar a uma conclusão.
Por que sim:
Sucesso de público
A pista improvisada no Anhembi ficou lotada nos dois dias de competição e teve a oportunidade de conferir de perto, e a preços acessíveis, uma das principais categorias do automobilismo mundial. Quem foi certamente não teve do que reclamar.
Emoção garantida
Para quem quase caiu no sono durante o GP do Bahrein de F-1, disputado algumas horas antes, a São Paulo Indy 300 foi um banho. Chuva, ultrapassagens, acidentes (felizmente sem gravidade), tudo o que o fã de automobilismo gosta de ver, em pouco mais de duas horas de corrida. Valeu o preço.
Cartão de visitas
A piloto Bia Figueiredo é um exemplo claro de como uma corrida em solo brasileiro beneficia os pilotos do país: ela só ganhou patrocínio para correr porque a prova foi aqui. Ao todo foram sete pilotos "brasucas" na corrida, podendo trabalhar e mostrar serviço. Bia, no entanto, ainda está na espera. Depois de chegar em 13º lugar, ela ainda busca uma equipe para correr até o fim da temporada.
Dinheiro no cofre
Um evento esportivo de alto nível tem custos, é verdade, mas também gera uma grande arrecadação para a cidade, por causa dos turistas que precisam comer, se hospedar, se divertir à noite – e isso inclui não apenas os torcedores, mas também os milhares de profissionais envolvidos. A prefeitura de São Paulo ainda não soltou um balanço da São Paulo Indy 300, mas a expectativa era de que a corrida tenha movimentado cerca de R$ 120 milhões, uma boa parte disso em impostos. Um dinheiro e tanto para apenas dois dias de prova.
Velocidade é aqui
São Paulo pode se orgulhar de ser a única cidade do mundo, atualmente, a receber as duas principais categorias de monopostos do automobilismo mundial – coisa que Indianapolis não tem mais, por exemplo, desde que a F-1 deixou de ir aos Estados Unidos. Na Europa, a Indy chegou a correr em alguns circuitos, mas também não vingou. Aqui, o sucesso da prova mostra que o paulistano adora velocidade e está pronto para se divertir om carros acelerando fundo.
Por que não
Trânsito pesado
Ok, a corrida foi muito legal, mas nada vale o sacrifício de perder três faixas de uma via tão importante para a cidade como a Marginal do Tietê – e num momento em que o trânsito está quase todo dia um inferno, por causa das obras na mesma Marginal. As imagens de carros correndo a 250 km/h separados do trânsito pesado por um tapume foram uma brincadeira de mau gosto para o paulistano.
Improviso
Tudo aconteceu rápido demais na organização da São Paulo Indy 300: em poucos meses a pista foi anunciada e o trabalho de montagem foi incrivelmente rápido. Só que nem tudo funcionou como o esperado: a pista na reta do Sambódromo, por exemplo, ficou escorregadia demais e teve de ser refeita às pressas, assim como o cronograma da prova, que teve o treino de classificaçao adiado para a manhã de domingo. E o pó que sobrou na pista provocou uma série de acidentes, que poderiam ter sido bem mais graves do que foram. Num país que terá Copa do Mundo daqui a quatro anos e Olimpíada a seis, é uma situação preocupante.
Reta do Sambódromo foi mexida às pressas na madrugada de sábado para domingo (Foto: Daia Oliver/R7)
Outras prioridades
Numa cidade repleta de ruas esburacadas, é um acidente para o cidadão ver tantas equipes da CET e da Prefeitura deslocadas para trabalhar em regime de urgência, no meio da madrugada, para deixar um pedaço de asfalto pronto para atender a 24 “motoristas”. Isso obviamente tem custos, assim como a montagem da pista, o trabalho para fechar a Marginal e as outras ruas, os gastos em pintura. Esse dinheiro certamente seria muito melhor aplicado se fosse investido em saúde, educação ou outras obras que atendessem diretamente à população.
Fórmula “2”
Convenhamos, a Indy pode ser muito legal, mas nem chega aos pés da F-1 em termos de estrutura, profissionalismo e importância no cenário do automobilismo mundial. Por isso, qualquer tipo de comparação entre as duas categorias não tem o menor fundamento, e é besteira gastar tempo e dinheiro para uma competição de segunda classe.
Gosto duvidoso
Se uma das ideias da Indy é vender a imagem de São Paulo para o mundo, é preciso no mínimo arrumar outro lugar para a corrida. Porque é pra se perguntar quem gostaria de ”comprar” uma imagem que inclui o Rio Tietê completamente poluído, um verdadeiro esgoto a céu aberto...
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